quarta-feira, 20 de julho de 2011

Beleza

É cada pensamento sujo,
Cada lágrima contada,
Cada respiração,
Que tenta se prender,
Até que se tocar o chão
E se desprender,
De cada sonho.
E cada sonho,
Cada pesadelo,
Cada fechar de olhos,
Que esperam se abrir com menos frequência,
Até se sentir a leve brisa
E ser soprado,
Contra tudo aquilo que ainda queima.
É cada falta de tudo,
Cada presença de frieza,
Marca de eterna beleza,
De um sorriso roubado,
De um amor pela morte
E de uma vontade incerta,
Só uma vontade,
Uma marca de um nada
E um desejo é lançado,
Já morto...
É a eterna beleza,
Do que nunca existiu
E morre a cada dia.


João Pedro de Oliveira Braga

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Misteriosa

Olhares inocentes,
Provocantes,
Céu,
Inferno...
Pouco demais pra se definir.
Talvez um mistério que não se decifre,
Ou uma atração que afasta,
Que apenas deva ser merecida.
Fora de controle,
Ela segue seu caminho,
Nada se impõe
E nada é imposto.
Do que foi vivido se guarda o melhor,
Sem rancor,
E ela segue seu caminho.
Intensa demais pra qualquer um,
Capaz de causar sorrisos sem sentido,
Sem motivo.
E quantos não devem derramar lágrimas,
Esperando um olhar diferente?
Busca suas definições
E todas se encaixam,
Talvez por não ser uma rotina,
Mas sim por ser a insegurança,
Que faz a segurança ser uma falsa certeza.
E nunca se pode decifrar,
Pois ela apenas segue seu caminho.
Se apaixona por mistérios...
Deve se amar por um deles.
Sonos profundos,
E dias onde passa deitada...
Pra reinar soberana,
Como a dama da noite...
E ela apenas segue o mesmo incerto caminho...
E talvez nem mesmo os melhores,
Mereçam à seguir...
Apaixonante,
Incerta,
Sincera...
Várias faces pra uma mesma certeza,
Tempos ao seu lado nunca passam,
Nem caem no esquecimento,
Eterna rainha de mistério.
 
 
João Pedro de Oliveira Braga

Apocalipse

Em vermelho se deita o céu,
Sobre uma terra suja.
Em chamas se ergue o oceano,
Alagando os lares do pecado.
Em gritos desabam as almas,
Que no eterno silêncio imploram clemência.
Nas sombras permanece o que resta,
E no trono de corpos acomoda-se o caído.
Reinando sobre o sangue derramado,
E espalhando o ódio sobre o nada que sobrevive...

João Pedro de Oliveira Braga

Confissão

Perdi a conta,
De quantos malditos dias passaram,
E ainda não acho aquela que sorri ao me ferrar.
Uma falsa,
Com falsas juras de amor,
Que só buscava prazer,
Em noites intermináveis ao meu lado.
E agora?
Ao meu lado só lençóis sujos,
Uma mesa cheia de cartas,
Cigarros,
E uma garrafa barata que me dá uma ilusão vadia.
O que tenho de consolo?
Só uma transa por dia,
Sem a mesma satisfação,
E sem o mínimo de sentimento,
Sem nem mesmo uma maldita rotina em ser sempre com a mesma pessoa.
E o que faço?
Apenas busco a culpa de tudo num copo,
Já sem gelo,
E ainda assim o uísque desce como água,
Sem gosto,
Nem mesmo me esquenta mais...
E escrevo essa futilidade,
Esperando que o ódio fique nas palavras,
E que a sensação,
As lágrimas...
Simplesmente sumam como ela sumiu.

João Pedro de Oliveira Braga

Buscas

Pare e pergunte,
Pergunte e esteja pronto pra ouvir...
Aquele torturante silêncio...
Um maldito cúmulo de nada.
Uma tempestade de invalidez é a melhor das respostas.
Mentes tentando usarem teorias pra te entender,
Querendo dizer o quanto sentem sua dor...
Isso por acaso conforta?
Fingir que não há nada...
Pare e se expresse,
Se expresse e esteja pronto pra ver,
Aquelas salgadas lágrimas...
Pois agora o fingimento acabou...
E talvez sintam nossas buscas,
E se façam tantas perguntas,
Quanto as feridas que nos deixaram.

João Pedro de Oliveira Braga

Dizendo em silêncio

Em silêncio permanece...
Tudo que insiste em gritar.
Expressivos sinais de normalidade...
Tentam mostrar o que não suporta se esconder.
Preces secretas desejam seu sorriso...
Que nunca passa um dia sem me cegar.
E fica o desejo...
Queria que estivesse aqui...
Condenando cada segundo da minha solidão.
E em silêncio,
Fica tudo o que já gritou que te ama.

João Pedro de Oliveira Braga

Heroína

As horas passaram,
Os sons gritaram,
A chuva caiu,
O frio me congelou,
Os ventos levaram minha alma,
O vácuo cortou minha respiração,
A pele foi ferida,
A mente entrou depressão,
E tudo se repete.
As horas não passam,
O silêncio me tortura,
O sol me queima,
O calor me faz suar
Não sinto a brisa,
O ar é pesado,
A pele não sente mais nada,
A mente entrou em fúria,
E tudo se repete.
A veia já perfurada,
A seringa nunca parece grande o suficiente,
A agulha enferrujada,
E as horas...
Apenas vão se repetir,
A alma, apenas vai se condenar,
O corpo vai cair,
E quando você desejar fugir de sua domadora,
Tudo vai se repetir.

João Pedro de Oliveira Braga